***Fonte: https://www.olideremmim.com.br/
Quem conhece o programa Líder em Mim sabe que a sua essência é pautada na educação socioemocional. O que isso significa? Em poucas palavras, significa que nas escolas atendidas pelo Líder, os alunos aprenderão muito além do conteúdo pedagógico. Receberão também formação ligada aos aspectos sociais e emocionais, aprendizado muito importante na construção de indivíduos íntegros, com inteligência emocional para serem protagonistas na vida e na sociedade.
O tema socioemocional, inclusive, tem sido bastante destacado nos últimos anos. Ele está inserido numa proposta pedagógica que faz parte de uma mudança revolucionária que temos vivido no universo educacional. Contudo, o que pouca gente sabe é que existe toda uma ciência por trás dessa transformação na educação. É a ciência que estuda o nosso sistema nervoso e suas funcionalidades: a chamada neurociência.
Nas linhas abaixo, nós falaremos um pouco mais sobre o que revela essa ciência e como ela tem feito diferença na educação de nossos estudantes e filhos. Preparado? Boa leitura!
Neurociência e a educação
Como a neurociência estuda o que acontece no cérebro humano em vários momentos, ela ajuda a entender como ele reage quando é apresentado para algo novo, como uma nova informação ou algum tipo de aprendizado.
Cientistas dedicados a esse tipo de estudo avaliam como o cérebro recebe, codifica e armazena as mais diferentes formas de transmissão de uma mensagem ou aprendizado. Justamente, ao acompanhar a maneira como o cérebro e todo o sistema nervoso são estimulados diante do desconhecido, os cientistas puderam observar e revelar que a aprendizagem acontece de maneira mais intensa e completa quando revestida pelas emoções.
Quanto mais o processo de aprendizagem for acompanhado de sensações, de vivências e emoções, maior será o estímulo no cérebro. Como resultado, as conexões cerebrais serão intensificadas, o que garantirá o aprendizado de modo mais natural, envolvente e eficaz.
Nós já passamos por isso…
Embora os estudos que comprovem a importância da emoção na aprendizagem sejam relativamente recentes, cada um de nós certamente somos exemplo de como, de alguma forma, o aspecto emocional fez diferença na construção do nosso conhecimento em tempos de escola.
Afinal, cada um de nós guarda uma experiência, uma vivência que tenha aflorado emoções e delas um aprendizado que jamais esquecemos, não é mesmo? Pode ser aquele estudo de campo na aula de biologia, aquele experimento nas aulas de física ou química, ou aquele conto inesquecível que nos cativou durante uma aula de português ou literatura com aquele professor que conseguia nos transportar até a história…
O conceito e o poder da emoção
Esse poder todo que a emoção exerce sobre nós, não apenas no processo de aprendizagem, como na vida, é motivo de muito estudo. Para o psicólogo Henri Wallon (1879-1962), a emoção tem um papel fundamental na evolução da consciência de si. É definida por ele como um “fenômeno psíquico e social, além de orgânico”.
O pesquisador é responsável por investigar a emoção geneticamente e, segundo ele, é a primeira manifestação de necessidade afetiva do ser humano. É o elo com o meio biológico e social. Ou seja, diante da vida, reagimos com as circunstâncias primeiro pela emoção e não imediatamente de forma racional. Não é necessário puxarmos muito em nossa memória para lembrarmos de momentos em que agimos tomados exclusivamente pela emoção, não é verdade?
Pois bem. Em suas teorias, Wallon já buscava identificar como os aspectos afetivos e emocionais influenciavam no processo de ensino e aprendizagem. Trazendo para o nosso tempo, os estudos buscavam a compreensão de que, na prática pedagógica, a preocupação maior deveria estar na forma do ensinar e não exclusivamente no conteúdo a ser passado.
O psicólogo Wallon não estava sozinho nesse pensamento. Outros estudiosos aprofundaram o entendimento sobre o poder que a emoção exerce sobre nossa forma de pensar e de agir. Ademais, nos trouxeram outros conceitos relacionados à nossa mente.
Você já ouviu falar em sequestro da amígdala?
Você já viveu uma situação em que a emoção tomou todo o seu corpo e mente de um jeito que se sentiu sem controle sobre si? Se você respondeu sim, então já foi “vítima” do que o psicólogo e especialista em inteligência emocional Daniel Goleman denominou o “sequestro da amígdala”. A seguir, vamos explicar um pouco o porquê desse nome dado por Goleman.
A amígdala é uma estrutura situada na parte interior do lóbulo temporal medial. Ou seja, faz parte daquilo que é chamado de cérebro emocional ou sistema límbico. Ela é a responsável por integrar as emoções com os padrões de resposta correspondente a elas, seja a nível fisiológico ou comportamental. Resumindo bem, ela trata das reações emocionais aos estímulos.
O sequestro da amígdala acontece quando uma reação emocional é imediata e desproporcional ao que a desencadeou, pois é compreendido como uma ameaça à estabilidade emocional. A amígdala rouba a ativação de outras áreas cerebrais, incluindo a área frontal do córtex, que é a responsável pelo pensamento lógico e o planejamento de nossas ações.
Ao ter nossa amígdala sequestrada, nosso pensamento lógico fica sujeito ao comando de nossas emoções. É quando agimos por impulso e, muitas vezes, depois, temos como efeito colateral aquela ressaca emocional. Quem nunca, né?
Bom, evoluímos bem o assunto e falamos bastante do poder da emoção sobre a mente humana. Mas, não podemos concluir antes de abordar um pouco também de outro conceito muito importante ligado à mente humana. É um que trata da capacidade de adaptação de nosso cérebro. Falaremos dele agora:
Neuroplasticidade
Conhecida também como plasticidade neuronal, a neuroplasticidade trata da capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal. Ela atua intensamente quando o cérebro é sujeito a novas experiências.
Muitas pessoas duvidam ou desconhecem esse poder de adaptação que o cérebro tem e descobrem justamente em momentos de mudança brusca ou repentina. Uma pessoa que, por alguma doença ou acidente, por exemplo, tenha perdido a visão. O cérebro com sua incrível capacidade de remodelagem consegue desenvolver melhor outros sentidos como a audição e o tato. Assim, a neuroplasticidade atua e aquela pessoa consegue se adaptar a uma realidade diferente.
Essa maleabilidade dos circuitos neuronais ajuda a superar momentos difíceis e, inclusive, fundamenta o conceito de resiliência, característica tratada e desenvolvida na aprendizagem socioemocional do nosso programa Líder em Mim.
Conceitos, na prática
Esses conceitos só nos mostram como a nossa ‘máquina’ que é o cérebro humano funciona como uma rede interligada. Os estudos na neurociência revelam, cada vez mais, que o estímulo às experiências emotivas e as interações sociais ampliam a capacidade de criação de redes neurais. Por sua vez, elas que têm o papel de promover conexões com todas as áreas da mente. Amplia-se, desse modo, a capacidade cognitiva e o aprendizado.
Não é sem razão que a aprendizagem socioemocional tem se inserido cada vez mais forte no processo educacional. A ciência mostra que ela é o caminho certo para a formação integral dos estudantes. Não se trata de priorizar a emoção sob a razão, mas sim trabalhar ambas conjuntamente. O resultado é sempre positivo: tanto pela evolução no processo educacional, quanto pelo bem-estar social da comunidade escolar.
Ao entender melhor esses conceitos trazidos pela neurociência, os educadores conseguem organizar e executar melhor seu plano pedagógico. Ao compreenderem melhor o desenvolvimento de seus alunos, podem propor melhores práticas. O benefício vem para todos. Professores conseguem atrair a atenção de seus alunos; os estudantes conseguem absorver melhor o conteúdo, o que lhes proporciona uma formação integral; e pais ficam mais satisfeitos com o resultado de todo esse aprendizado.